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Nossa História

A matriz imediata mais importante da Escola Profissional de São Carlos foi a Escola Técnica de São Paulo, em 1910, criada pelo governo federal na capital do Estado.

Houve uma discussão na Câmara Municipal da cidade para a criação de uma Escola Profissional nesse ano. Embora um grupo defendesse a instalação, argumentando que a indústria estava em franco desenvolvimento e que, devido a isso, escolas profissionais estavam sendo criadas em grandes centros urbanos, a ideia da criação dessa escola em São Carlos foi rejeitada. Nessa época o café era tão forte e a indústria tão incipiente que uma escola profissional nessas condições não ultrapassaria os limites do assistencialismo, ou seja, seria uma escola para encaminhar os meninos mais pobres da cidade a um ofício. A escola que melhor correspondia às necessidades da elite cafeeira sãocarlense, cuja prosperidade econômica e prestígio político já eram evidentes, era uma escola nos moldes europeus, humanista tradicional, de cultura geral, voltada à formação das moças bem nascidas e destinadas a se tornarem esposas e mães cristãs. Surge, então, em 1911, a Escola Normal de São Carlos, que na época foi tão importante para a sociedade da cidade e região como seria a criação da Escola de Engenharia da USP na década de 50.

Já em 1930, reflete-se aqui na cidade o novo clima de efervescência presente no Estado de São Paulo favorável à industrialização. Nesse clima, ressurge, dessa vez com mais vigor, a proposta de criação de uma escola profissional. Dentro do período 1910 a 1930 ocorre uma diversificada atividade industrial, constituída principalmente de pequenas empresas, às vezes funcionando nas próprias residências, com equipamentos rústicos. Três fatores importantes geraram esse desenvolvimento industrial: a chegada da energia elétrica, em 1907(trata-se da primeira usina elétrica do Estado), a presença da ferrovia (São Paulo Railway), em 1908, e a presença intensa de imigrantes em diversas atividades. Já em 1926 surge a fábrica de lápis, fundada por iniciativa de Germano Fehr, considerada  um marco na passagem da economia cafeeira para a industrialização autônoma, uma indústria que passa a produzir bens de consumo não diretamente ligados àquela economia. A derrocada da economia cafeeira decorre da crise da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, o que vem a impulsionar o desenvolvimento industrial, um caminho mais seguro e promissor para a região.

A Criação da Escola Profissional de São Carlos.

A industrialização crescente solicitava cada vez mais técnicos especializados. O processo de criação estende-se por quatro anos, de 1929 a 1932.

Faltava, porém, decisão política para a concretização de uma escola para a formação desses profissionais. A lei estdual nº 1709, de 27 de dezembro de 1919, determinara a criação de duas escolas profissionais na capital e de cinco no interior. Os políticos da cidade almejam uma dessas cinco, mas concretizá-la era preciso obedecer um dispositivo dessa lei que encarregava o município de prover um prédio adequado à instalação da escola e doá-la ao Estado. Havia na cidade um prédio construído por um grupo de médicos  que pretendiam abrir uma Casa de Saúde. Como o empreendimento não se concretizou, o prédio ficou inacabado e, em 1929, o médico Serafim Vieira de Almeida, um dos médicos proprietários, secretário da Câmara Municipal e do partido do prefeito (botelhista), doou sua cota de participação na sociedade médica à Prefeitura, que por sua vez  adquiriu as parcelas dos demais cotistas e terminou a construção do prédio, adequando-o a uma escola profissional e doando-o ao Estado. O prefeito da época era o Sr. Paulino Botelho de Abreu Sampaio.

Antes mesmo da lei que localizou a escola em São Carlos, ela tinha o nome de Escola Profissional “Dr Julio Prestes”.

No ano da autorização do funcionamento da escola profissional em São Carlos, o jornal “O Correiro de São Carlos” (15/2/1930) rejubila-se ao divulgar sua instalação na cidade: ” A Escola Profissional de São Carlos prepara para a luta da vida afeita ao trabalho centena de crianças e jovens, especialmente os filhos dos proletários sem recursos financeiros para seguirem um curso superior.”

Os primeiros cursos para os homens foram Eletrotécnica, Fundição e Motorista; para as mulheres (“visava dar à moça uma profissão com a qual possa ganhar a vida e, ao mesmo tempo, para que se torne no futuro uma boa dona de casa.”) Economia Doméstica, Puericultura e Arte Culinária.

Prevista para ser inaugurada em fevereiro de 1931, devido à Revolução de 1930 começaria a funcionar apenas em março de 1932 e não teve as habituais solenidades de inauguração. Apenas em 13 de maio de 32, data, aliás, em que é comemorado oficialmente o aniversário da escola, dois eventos marcaram a inauguração oficial da escola: o primeiro foi a visita do professor Horácio Silveira, diretor da Escola Profissional Feminina de São Paulo e responsável pela organização da Escola Profissional de São Carlos; o segundo evento foi a realização da primeira fundição de ferro na escola. Os festejos de inauguração terminam à noite com um jantar no São Carlos Tênis Clube.

Trajetória da Escola:

  • 13/02/1930 – antes mesmo da lei que estabeleceria a instalação de uma escola profissional em São Carlos, chamava-se Escola Profissional Mista Dr. Julio Prestes (decreto 4694);
  • 13/05/1932 – data oficial da criação da escola, denominava-se Escola Profissional Mista;
  • 13/01/1943 – a escola passa a chamar-se Escola Industrial de São Carlos, decreto nº 11.314;
  • 01/081949 – a lei nº 401 muda o nome para Escola Insdustrial Paulino Botelho;
  • 16/12/1952 – outra lei, a de nº 1969, denomina-a Escola Técnica Paulino Botelho;
  • 18/02/1965 – novo decreto, o de nº 4453, altera seu nome para Ginásio Industrial Estadual Paulino Botelho (GIE);
  • 23/07/1970 – o decreto de nº 52.499 criou o segundo ciclo e passa a chmar Colégio Técnico Industrial Paulino Botelho;
  • 03/12/1974 – por força da lei nº 533, passa a chamar Escola Estadual de Segundo Grau Aracy Leite Pereira Lopes, nome que durou apenas um ano;
  • 21/01/1976 – Resolução da Secretaria do Estado da Educação de nº 13, denomina a escola de Centro Estadual Interescolar Paulino Botelho;
  • 28/01/1978 – O DOE publica o decreto nº 7.400/75 alterando o nome para Escola Estadual de Segundo Grau Paulino Botelho;
  • 21/06/1985 – o decreto nº 23.544/85 e Resolução da Secretaria da Educação nº 120, publicado no DOE de 22/06/1985, denomina-a de Escola Técnica Estadual Paulino Botelho;
  • Finalmente, em 1993, o decreto nº 37.735 transfere a instituição para o âmbito da Secretaria Estadual da Ciência e Tecnologia, sob responsabilidade do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza.

Para a população de São Carlos, porém, é e sempre será a Escola Industrial, ou simplesmente, carinhosamente chamada de A INDUSTRIAL.

(Fonte histórica: Buffa, Ester e Nosella, Paolo – ” A Escola Profissional de São Carlos “, editora UFSCar)

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